sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

o conto 10, para se ter idéia do contexto

Luiza de Ouro

(poema de amor para uma personagem fictícia)

Mesas cheias. As pessoas circulavam pelo shopping matando o tempo, as mulheres com seus celulares no ouvido confirmando o combinado, sempre aos casais. Os homens, elegância arranjada, exibiam suas barrigas, orgulhosos. Destoavam. Minha espera foi longa e pude me deliciar com as mulheres, altas em seus saltos, bem vestidas, penteadas. Atrizes subiam e desciam pela escada rolante como aeromoças, de um lado para o outro no corredor de um avião. A garçonete encostou a barriga na mesa e colocou o café. Luiza demorada me flagrou apertando o celular nas mãos. Sentou e pediu água com seu vestido curto, bege de flores amarelas, pequeninas. As pernas apareciam sobre uma sandália da cor do vestido. Parecíamos um para o outro. Nossas roupas e sapatos diferiam muito daquele uniforme de boutique, exibido ali, naquela noite de sábado. Tal qual ao telefone ela falava baixinho, um pouco emocionada com a caixa de bombons vermelhos que eu levei, combinando com tudo. Sua voz cadenciava em ondas. Ela nunca ligara para mim. Tive que descobrir que sua paixão era do tamanho da minha por vias inacreditáveis, que nem vou contar aqui. Pareceria ridículo. Tinha tido algumas experiências de encontros feitos através da internet, mas Luiza tinha sido a primeira que eu chamara on-line, telefonava, conversava pausadamente, ouvindo sua voz macia como sua pele, agora tocada. Parecia que nunca a veria. Tinha combinado de fotografá-la, mas sempre havia outras prioridades. Ficamos ali muito tempo no saguão. Passou o tempo das peças, todo o espaço encheu e esvaziou. Falamos de nós, tocando os dedos, olhar, uma ponta de cabelo, nossas unhas. Para nós (ela também confessara) era uma situação inacreditável. Tudo ia fechando e nós nos abrindo, entramos no meu carro e fomos até a praia, areia seca, tirando os sapatos, encharcando os pés no mar. Sentamos numa elevação de areia e ela me beijou gostoso, nossos corpos grudados. O sol apareceu, tímido no fundo do oceano, e nos iluminou no amor. Voltei para casa, com a caixa de bombons debaixo do braço e sua voz de telefone na minha memória. Nunca mais vi Luiza, a não ser nesse sonho.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

3. pintura iluminada de gerhad richter

Betty (1988)
é uma das mais expressivas obras do pintor expressionista alemão, cujo trabalho de arte inclui fotografias e pinturas figurativas e abstratas.
Betty (filha do artista) foi pintada como se fosse uma fotografia, em close-up, um gênero de fotografia criado por Willian Klein, fotógrafo de origem hungara e nacionalidade francesa.
importância dessa pintura é concentrar-se nos padrões de nossa época e romper com as concepções aceitas em representação. é um artista que demonstra muito bem esse nosso contemporâneo, em que a fotografia deixa de ser documento para se transformar em arte. uma atitude que se volta literalmente as costas para as convenções. é um trabalho raro de ruptura nas artes.

2. o projeto da capa

pintura digital de daniel de souza a partir de uma fotografia do autor em homenagem ao pintor gerhard richter

1. palavras da Iriam Win

o projeto da capa é perfeito! tem um pouco de transgressora, meio marginal, sensual e sensível, tipo pode-se tudo sem mostrar o rosto. e o assunto é polemico e atual.